segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Confira depoimentos de Brasileiros que estão em Paris sobre o clima apos os atentados na cidade

Brasileiros que estão em Paris contam que o clima na cidade, após os ataques que deixaram ao menos 120 mortos na noite desta sexta-feira (13), é de muita tensão.

Kleber Carrilho, sociólogo
O sociólogo Kleber Carrilho estava em uma estação de trem quando os atentados simultâneos tinham acabado de acontecer em Paris. “O momento mais assustador foi quando a gente estava na Gare du Nord, na estação de trem em que mudaríamos para o metrô. A polícia veio correndo avisando ‘saiam da estação!’, ‘saiam da estação!’. A gente teve que pular catraca e temíamos por pessoas pisoteadas. Foi bem desesperador, pois a gente não sabia para onde sair e de onde viria algum possível ataque”, contou.Thiago Luna, estudante
Thiago Luna, de 19 anos
"Vi as pessoas correndo, caindo por cima das outras, após sair do estádio", relata o pernambucano Thiago Luna, de 19 anos, que mora em Paris há 8 meses e assistia ao jogo entre França e Alemanha, no Stade de France."
Explosões foram ouvidas durante o jogo, mas o amistoso continuou. O estudante estava com um colega colombiano e lembra que, perto do fim da partida, ouviu pessoas dizendo que não estavam permitindo sair do local.
"Falavam em atentado terrorista. Mas não houve nenhum aviso oficial. Esperamos 20 minutos na arquibancada, algumas pessoas invadiram o campo", explica. Quando a saída foi liberada, Luna diz que foi tranquilo deixar o estádio, mas, após o som de uma terceira explosão, houve correria e tumulto.
"Imagine 80 mil pessoas tentando sair... Eu cheguei a cair também, porque tropecei, mas a minha sorte é que eu já estava mais distante da multidão. Mesmo assim, ainda caiu uma pessoa sobre mim e eu machuquei o braço", conta. Só então, o estudante soube dos ataques em Paris. "Meu celular já tinha 10 chamadas do meu pai, desesperado."
Com o metrô fechado, Luna viu taxistas se solidarizando e oferecendo carona às pessoas. Ele conseguiu chamar um carro por aplicativo para voltar para a casa.

Marina Borges, estudante
"Ouvimos barulhos que pareciam explosões no início do jogo", conta a estudante Marina Borges, que assistia ao amistoso com o marido e, por volta das 20h30 no horário de Brasília (23h30 horário de Paris), quando falou ao G1, ainda não tinha deixado o estádio. "Na segunda, vibrou o chão embaixo da gente. Tremeu a cadeira mesmo. As pessoas ficaram tentando entender o que era, mas não houve pânico."
vibrou o chão embaixo da gente. As pessoas ficaram tentando entender o que era
Marina Borges
Ela também afirma que não houve avisos durante do jogo e que não ouviu sirenes ou algo parecido. "No fim da partida, disseram que por causa de um incidente do lado de fora teríamos de sair por locais especificos", relata.
De acordo com Marina, as pessoas voltaram ao estádio após tentar sair e ocuparam o gramado, que ficou lotado. Minutos depois, seguranças realizaram um cordão para retirar o público do local e levá-los para as saídas.
Paulo César Gomes, historiador
Ele conta que o clima está tenso na cidade, onde realiza seu doutorado. Ao acompanhar o companheiro e o filho de metrô ao aeroporto, passou pela estação próxima ao estádio. "A movimentação estava normal, de pessoas chegando ao jogo."
Tanto que ele só soube dos atentados no caminho de volta, através de mensagens que peguntavam se estava bem. "O metrô logo informou que a polícia tinha mandado fechar várias estações do centro", diz Gomes. "O clima está bem tenso. Muito barulho de sirene por todo lado."
Tiroteios em Paris deixam mortos; houve explosões e há reféns (Foto: Arte/G1)
Anita Alcântara, estudante de relações internacionais
Ela mora perto da Avenida Champs Elysées, no 8º arrondissement, e afirma que o número de viaturas policiais e ambulâncias na região é muito grande. "As sirenes não param de tocar, tanto da polícia como das ambulâncias", explicou ela aoG1.
"Pela janela observei que o 'marché de noel' [mercado específico do Natal] continua funcionando, mas acredito que aos poucos as pessoas estão indo para suas casas. Infelizmente o clima tenso e apreensivo vai voltar a reinar", disse Anita, que mora há dois anos em Paris, referindo-se ao ataque contra o jornal "Charlie Hebdo", que ocorreu em janeiro.
"Quando aconteceu o ataque ao Charlie Hebdo, o clima pós-atentado foi tenso e de muita tristeza. Acredito que nos próximos dias voltaremos a viver esse momento novamente. Logo na segunda semana já sentíamos as coisas voltarem mais a sua normalidade. Porque lembro que, nos primeiros dias, havia policiais e militares por vários lados", explicou a jovem de 27 anos.
Welliton Caixeta Maciel, sociólogo
Em entrevista ao G1, Welliton contou que está em Paris para fazer sua pesquisa de doutorado. Ele estava se dirigindo a um local próximo a onde houve um dos ataques para encontrar alguns amigos, mas foi alertado para voltar para casa.
Como vai ficar Paris é uma incógnita. Depois do Charlie, o controle triplicou. Tenho traços árabes, sou branco, de barba preta, cabelo raspado. Já fui parado três vezes"
Welliton Caixeta Maciel
“Um dos meus amigos me escreveu mandando mensagem dizendo para não sair porque tinha acontecido tiroteios. Até então eles não sabiam o que era aquilo. Voltei pra casa e fui ler o que estava havendo. Em menos de duas horas isso foi tomando uma proporção terrível. Moro perto de um hospital, são muitas ambulâncias passando, um clima de medo. O presidente já foi na TV, as fronteiras foram fechadas”, descreve Welliton.
Ele também conta que se preocupa com o clima da cidade nos próximos dias, já que ainda percebe uma tensão maior desde o ataque ao Charlie Hebdo. “Como vai ficar Paris depois disso é uma incógnita. Depois do Charlie, o controle triplicou. No metrô, em todo lugar que você vai sempre tem polícia olhando. Eu tenho traços meios árabes, sou branco, de barba preta, cabelo raspado. Já fui parado três vezes.”

Welliton conta que os brasileiros estão procurando avisar parentes e amigos pelas redes sociais que estão seguros. “Não paro de receber mensagens de pessoas do Brasil, amigos e família. Está todo mundo se marcando como seguro no Facebook para que todos saibam que estão vivos e bem. Mas o clima está bem tenso, a gente não sabe se isso [os ataques] pode voltar a qualquer momento, se conseguiram prender alguém...”
Pedro Z. Malavolta, jornalista
Em Paris até fevereiro, Pedro mora na "Casa do Brasil", residência mantida pelo governo do país para estudantes brasileiros. Ele afirmou que está longe dos pontos onde ocorreram os tiroteios e explosões.
É assustador. No Brasil há violência, mas é diferente"
Celinha Mattos
"Como toda situação de pânico, é dificil saber o que acontece realmente. Onde estou, só ouvi mais carros de polícia passando no boulevard periferique. Moro com muitos brasileiros, na casa do Brasil, mantida pelo governo brasileiro. Aqui foi basicamente um corre para responder no Facebook e WhatsApp, para certificar [os familiares no Brasil] de que estamos vivos", afirma ele.
Celinha Mattos, chef
Ela estava em um espetáculo em uma região próxima a Paris no momento dos ataques. "Voltei para casa morrendo de medo", conta ela. Mattos tem um restaurante em seu próprio apartamento em Paris, no 15ème Arrondissement.
"Eu posso dizer que estamos aterrorizados. É assustador. No Brasil há violência, mas é diferente", afirma. "Estamos todos ligando um para o outro. Brasileiros, italianos, enfim, expatriados."
Denise Rodrigues, assessora de imprensa
Denise, que tem 30 anos e mora na França há 7, conta que um dos ataques aconteceu no bairro em que mora, próximo também a onde aconteceu o ataque ao Charlie Hebdo.
Quando saí do metrô, a rua estava vazia. Passei por um bombeiro e ele disse: ‘volte para casa, rápido'"
Denise Rodrigues
Denise não estava em casa, e achou melhor mudar seu percurso de volta após ser avisada por uma amiga dos ataques. Sem bateria no celular, ela deixou preocupado o noivo que a esperava em casa.
“Eu estava em outro bairro com duas amigas francesas. Uma delas viu no celular quando a gente vinha embora que estava tendo um tiroteio no meu bairro, e me falou rapidamente muda de itinerário. Eu estava se bateria do celular e segui as instruções dela."
"Peguei outro metrô e cheguei em casa por outro caminho. Quando saí do metrô, a rua estava vazia – o que não é normal numa sexta-feira à noite. Passei por um bombeiro e ele disse: ‘volte para casa, rápido’.”

Denise conta que ficou com medo. “Chegando em casa, meu noivo estava muito preocupado, tentando me ligar. Quando coloquei o celular para carregar me dei conta do que estava acontecendo.”
A gente ficou no estádio por livre e espontânea vontade até a situação acalmar"
Rafael
Rafael
Um gaúcho que vive em Paris e que acompanhava a partida entre França e Alemanha, no Stade de France, disse que ouviu explosões durante a primeira etapa do jogo, mas pensou que se tratavam de rojões disparados pela torcida.
“Ouvimos o barulho de duas explosões no primeiro tempo, não posso dizer se teve relação com o que aconteceu, o público que acompanha futebol sabe que é comum explodir rojões, mas foram bem fortes”, disse o brasileiro que pediu para ser identificado apenas como Rafael.
Com medo e com poucas informações sobre o que acontecia, Rafael disse que os torcedores se reuniram no gramado do estádio por algumas horas. “A gente ficou no estádio por livre e espontânea vontade até a situação acalmar.”
Público no campo do Stade de France após a série de ataques (Foto: Michel Euler/AP)Público no campo do Stade de France após a série de ataques (Foto: Michel Euler/AP)

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